sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Harmonizando a vida

Olha eu aqui novamente. Depois de um tempinho sem postar nada aqui hoje resolvi escrever algumas coisinhas. Engraçado porque sempre gostei de escrever, mas ultimamente só tenho escrito quando me dar vontade ou quando fico um pouquinho pra baixo. E hoje estou assim, um pouco pra baixo, digamos até melancólica. Mas isso é bom, porque me faz escrever cada vez mais. Bom espero que gostem desse poste, apesar de estar melancólica, mostra a paz de espírito que estou ultimamente.

Vivo em harmonia e equilíbrio com todos que eu conheço, bem no centro do meu ser existe uma fonte infinita de amor. Agora deixo esse amor vir á tona, ele enche meu coração, meu corpo, minha mente, minha consciência, todo meu ser, e irradia-se de mim em todas as direções, voltando a mim multiplicados. Quanto mais amor uso e dou, mais tenho para dar. O sofrimento é infinito, sinto-me bem com o amor e essa sensação é uma expressão de minha alegria interior.

Portanto cuido carinhosamente de meu corpo, amorosamente eu o alimento com comidas e bebidas nutritivas, amorosamente exercito e arrumo meu corpo e ele, com carinho, me responde com saúde e energia vibrantes.

Portanto, dou-me um lar confortável, que atende minhas necessidades e onde sinto prazer de morar. Encho meus cômodos com as vibrações do amor, e assim, todos os que neles entram, eu inclusive, sentem esse amor e por ele são nutridos.

Portanto trabalho no que realmente gosto de fazer, usando meus talentos e habilidades criativas. Trabalho para e com pessoas que amo e que me amam, recebendo um bom pagamento pelos meus serviços.

Portanto ajo e penso de forma carinhosa com todos, pois sei que o que dou volta a mim, multiplicados. Atraio somente pessoas carinhosas, para o meu mundo, pois elas são um reflexo de mim.

Portanto perdôo e liberto totalmente o passado e todas as experiências passadas. Eu estou livre.
Portanto, vivo plenamente o presente,
vivenciando cada momento como bom, sabendo que meu futuro é brilhante, alegre e seguro, pois sou uma filha amada do universo e o universo com todo amor, cuida de mim.


segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

A GENTE SE ACOSTUMA

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e não ver vista que não sejam as janelas ao redor. E porque não tem vista logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma e não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, se esquece do sol, se esquece do ar, esquece da amplidão.

A gente se acostuma a acordar sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder tempo. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E não aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: “hoje não posso ir”. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisa tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que se deseja e necessita. E a lutar para ganhar com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar nas ruas e ver cartazes. A abrir as revistas e ler artigos. A ligar a televisão e assistir comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição, às salas fechadas de ar condicionado e ao cheiro de cigarros. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam à luz natural. Às bactérias de água potável. À contaminação da água do mar. À morte lenta dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não ter galo de madrugada, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta por perto.

A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta lá.
Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua o resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem muito sono atrasado.

A gente se acostuma a não falar na aspereza para preservar a pele. Se acostuma para evitar sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.

A gente se acostuma para poupar a vida.

Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma

por.: Marina Colassanti

I.p.c.: Carissimos a inspiração anda um pouco distante. Então desculpe se de alguma maneira decepcionei vocês. Mas espero que gostem desse texto.